Aproxima-se o Jogo ... Com J grande. O Confronto, com C grande. O evento que comporta tudo aquilo que está relacionado com a rivalidade entre uma perspectiva fantasista, facilitista, incompetente e desrespeitadora e uma perspectiva trabalhadora, competente, ciente das suas (muitas) qualidades e das suas lacunas, que pretende vencer porque crê, e crê bem, que o seu trabalho e esforço assim o permitem. E é este, no estádio da luz, no campo do inimigo, é este que é O Jogo. Não é no Dragão. Não é, porque as maiores virtudes em combate medem-se e surgem e aplicam-se melhor quando o cenário é adverso, quando enfrentamos o inimigo como quem é lançado às feras e sabe ter de recorrer à união, à solidariedade e, em última análise, à superioridade que transporta na sua génese em relação ao adversário que o receberá em sua casa, faminto e com vontade de petiscar o Dragão, mas desconhecedor do facto de que isso não é possível.
Este não é o melhor Porto de sempre. Longe disso. Falta-lhe a categoria de outros, falta-lhe o treinador com a raça de homens que souberam partilhar no balneário de todo um conjunto de valores e sentimentos que elevaram à condição de clube histórico o Futebol Clube do Porto. Mas é Porto. É Porto porque não houve nenhuma hecatombe que destruísse nalguns meses o trabalho que teve lugar diaria e ininterruptamente durante décadas. E as minhas dúvidas, e as de muitos portistas, residiam precisamente aí: estaria a acontecer uma hecatombe? Será que este ainda é Porto para nos orgulharmos dele? A resposta foi dada, com naturalidade, maturidade e classe. Este é Porto. Não o melhor, mas é Porto.
O benfica, esse, apresenta-se desfalcado de alguns jogadores, um deles muito importante nas suas manobras (Ramires). E é pena, digo já. Porque os queria na máxima força.
O jogo com o Olhanense encarregou-se de demonstrar que o benfica não é uma grande equipa. Tem grandes jogadores, enormes até, um treinador sabedor e competente, tem (ou é-lhe facilitado o acesso alheio a) recursos financeiros. Mas não tem estaleca. Pelo menos para já.
Este benfica está a anos-luz da competência e da estrutura-base que o Porto tem. Não é sequer comparável. Este benfica (digo este, mas os 10 ou 15 anteriores foram iguais) não está dotado da estaleca, do vício da vitória, do espírito de conquista que caracteriza o Porto de há muito para cá e que são as qualidades principais e verdadeiramente decisivas que todos os analistas conhecedores - inclusive os rivais que conseguem pôr a clubite de lado - identificam como sendo a razão de base para termos passado de clube com uns quantos títulos de campeão para maior força futebolística nacional, ultrapassando o suposto intocável adversário de Domingo, e um dos principais nomes europeus.
São essas qualidades, aliadas ao trabalho e à competência e também provenientes ou resultantes desse mesmo trabalho e competência, que fazem com que sejamos, ano após ano, vencedores. A construir equipas ganhadoras, a ter prestações europeias dignas do registo e do aplauso de pequenos, médios, grandes e tubarões (os que têm um orçamento 20 vezes superior ao nosso), a trabalhar com seriedade, a não entrar em euforia com cada vitória conquistada, a ter os pés assentes na terra sem contudo perder a esperança e o desejo de voar até aos mais altos picos, a vencer de forma categórica adversários de renome no Dragão, no seu estádio ou em campo neutro, a respeitar e temer o adversário sem contudo lhe ter medo (coisas diferentes, temer e ter medo), a criar, com competência e rigor, uma base de sustentação cujos procedimentos são dignos de figurarem num manual sobre como gerir um clube de futebol para vencer dentro e fora de portas. Os factos estão aí, independentemente da cobertura que lhes dão ou não os pasquins que preferiam ver as vitórias tingidas
a vermelho. Na Europa reconhecem-nos o valor. Só mesmo dentro do nosso país somos alvo de faltas de respeito. Para os que as cometem, as nossas vitórias são a melhor resposta. Não merecem as palavras do Porto, merecem as derrotas contra o Porto.
E quem está habituado a associar certas características e certos pormenores a vitórias e à competência demonstrada nessas vitórias, sabe reconhecer quando o adversário não as tem. E o nosso adversário d'O Jogo não as tem. O jogo de Olhão quebrou muitas dúvidas.
A comunicação social, com o passar dos anos e das vitórias portistas, aprendeu a aperceber-se dos sinais que indicam a descida à terra de tudo o que é benfica e a subida calma, serena, competente e natural de tudo o que é Porto ao lugar cimeiro do futebol em Portugal.
São sinais que se repetem todos os anos, com a frequência e regularidade com que se reproduz incessantemente o espírito ganhador do FCPorto.
É a capacidade adquirida por eles de reconhecer e identificar esses sinais, e de perceber o que significam, que os leva a, na semana que precede O Jogo, atribuir-nos o favoritismo e uma grande probabilidade de vitória, como quem já nem espera por estar a perder dentro do campo para se render. Escolhem render-se logo, covardes e medrosos como são.
Perante as circunstâncias, perante a segurança apresentada pelo Porto nos últimos testes a que foi sujeito - não embarcando em euforias delirantes e infantis nem perante resultados esmagadores e exibições de grande classe - e perante o benfica com o ânimo caído, desfalcado e talvez surpreendido com as dificuldades que enfrentou para não perder alguns dos últimos jogos, talvez devido ao colinho recebido vindo de vários quadrantes, podemos e devemos vencer. E vamos, com categoria.
É com a maior das naturalidades que assumo, para quem me possa estar a ler, a minha profunda convicção de que sairemos da luz com uma vitória tão natural quanto o girar dos planetas do Sistema Solar à volta do Sol.
Trata-se de mais até do que uma profunda convicção.
É um profundo e amplo (pres)sentimento, algo de carácter total e inequívoco. Vergaremos o inimigo à nossa superioridade e castigá-lo-emos pela sua arrogância. No seu próprio terreno. Preparem os corações e os espíritos para esta Batalha, bravos guerreiros. Não deveis vacilar, não deveis perdoar, não deveis esmorecer nem hesitar. Deveis esmagar.
É um profundo e amplo (pres)sentimento, algo de carácter total e inequívoco. Vergaremos o inimigo à nossa superioridade e castigá-lo-emos pela sua arrogância. No seu próprio terreno. Preparem os corações e os espíritos para esta Batalha, bravos guerreiros. Não deveis vacilar, não deveis perdoar, não deveis esmorecer nem hesitar. Deveis esmagar.