22/01/2010

Rocky - Sylvester Stallone

Manuel: A minha pessoal homenagem a duas coisas: a um dos melhores filmes de sempre e a uma das mais belas e únicas soundtracks de sempre creio, caso vejam a coisa toda e dado que sei que pelo menos vocês dois, tal como eu, transportam toda a fábula presente em todos os filmes da série num cantinho muito especial do coração e, assim sendo, são dela exímios conhecedores - de trás para a frente e da frente para trás - podem verificar que deixei para o fim duas cenas que para mim simbolizam a melhor coisa que a fábula tem: a história de amor ...
Exceptuando o Rocky IV, cujas cenas no combate final por si só, separadas de tudo o resto são uma autêntica obra de arte jamais reproduzível por qualquer outro filme e que portanto mesmo separadas de tudo o que é Rocky são em si, uma coisa fenomenal ... tirando isso ... de tudo o que é do universo "Rocky", para mim, a verdadeira essência dos filmes são as duas coisas que essas duas cenas finais (finais no vídeo que fiz e não no filme claro) demonstram:
A história de amor dentro e ao longo do filme.
E aquela que é a mais poderosa arma e qualidade do Rocky: a capacidade de amar.
Dar, necessidade de oferecer, proteger, cuidar.
Fosse da Adrian, do Mickey, do Paulie, das tartarugas ou da Marie.
Que coisa mais bonita. Bill Conti claro.
Ps: Qual é a vossa mais preferida cena de todos os Rockys?
E qual é para vocês a mais bonita música - seja de orquestra como as do Bill Conti ou outras quaisquer - que encontram em todos os Rockys?
A minha é uma cena de pouco menos de três minutos, e a música, também ela é muito muito curta. Vou com ambas fazer um vídeo e, com isso, no meu espírito, exultá-las.
As vossas, quais são? Ok ok pronto. Ivan Dracara.

Miguel:
Ui... Foste falar de Rocky e agora sinto-me obrigado a dizer milhentas coisas, lol.
Vou tentar ser sucinto...
Melhor cena: a luta entre o Rocky e o Drago no IV, a partir daquele murro que pôs o Ivan a sangrar e significou a viragem da tendência da contenda (não a favor do Rocky, mas no sentido de pôr fim ao domínio completo e esmagador do russo). A música que acompanha essa parte da música, que se prolonga até ao fim do penúltimo round, é gloriosa. O que acontece visual e sonoramente nessa cena de luta é provavelmente o melhor hino que pode haver àquilo que significa a competição e a luta. Não consigo descrever por palavras. Quem não viu isso devia ver, e quem, tendo visto, não se sente no mínimo empolgado, perde um grande momento cinematográfico. Mais cenas: todas as cenas de treino. A música que as acompanha é do mais belo que alguma vez ouvi e certamente ouvirei na minha vida. Belo porque inspirador, porque épico, porque esperançoso, porque forte. Representam também, essas cenas, o tal espírito de competição de que falei. Superação e competição. Ou competitividade. Se bem que no IV a cena de treino tenha uma música típica dos anos 80 e não essa (músicas dos anos 80, músicas dos anos 80... um mundo à parte, um mundo mágico) e não a outra. A cena final do Rocky II, filme que acaba - depois de uma luta absolutamente épica - com a cara do Stallone a transmitir-nos duas coisas: a exaustão quase completa decorrente desse combate e a satisfação solene e final pela vitória arrancada através desse mesmo esforço hercúleo e épico. No primeiro Rocky o filme termina de forma idêntica, e o Stallone chamou à cena final desse "o momento único na vida em que se atinge a felicidade absoluta". Referia-se à perfeição da felicidade do momento. Agarrado ao amor da sua vida, depois de uma demonstração de coragem - perante o adversário e perante toda a sua vida e dificuldades que esta lhe impunha (e continuaria a impor).
A série tem a beleza típica dos anos 70, os anos 70 das histórias do nascimento e ascensão de grandes figuras, histórias pessoais de coragem, determinação e finalmente vitória, e consegue transpor-se para os maravilhosos anos 80, com a atmosfera típica dessa época, a todos os níveis (visual, musical, comportamental), o que a mim pessoalmente me agrada sobremaneira. O V já é de 90, mas ainda se integra, pelas suas características, nos anos 80.
Sobre o último Rocky, o 6, também haveria muito a dizer.
E a recordação do diálogo do Mickey com o Rocky no Rocky V e respectiva reacção do Rocky a essa recordação... Enfim. Não há muito a dizer, tem que se ver e pronto. Quem não viu e absorveu os Rocky perde uma das melhores representações de algumas das coisas que são do que melhor há no ser humano e na vida: o espírito, a vontade, o choque do um contra um, o combate e a preparação para esse combate, com os que nos amam do nosso lado. Os filmes Rocky repetem, na sua estrutura, quase sempre a mesma fórmula, em termos de ordem de acontecimentos, mas nunca perdem qualidade, nunca cansam. É impossível cansar, para quem aprecia aquilo.

Manuel:
"Nature is smarter than people think". Miguel, também para mim essa é a mais bonita sequência/cena de todos os Rockys. De longe. Momento único, mágico, que se aloja e faz chorar. Ou fez, confesso que há pelo menos dois anos que não (re)vejo os Rockys. Acho a Talia Shire lindíssima no(s) fime(s) em que entrou da série, o Mickey único, belo, ímpar, uma jóia, e o Paulie também, mas numa escala menor, comparado com o Mickey. É muito complicado falar-se de coisas que se ama muito muito muito. E o Rocky é uma dessas. É como se fosse uma coisa só nossa, só mesmo nossa, que só nós a compreendemos, que só nós damos valor, que só nós sabemos ler e ver o que ía na cabeça do Stallone quando escreveu tudo aquilo. Sim, porque foi ele o autor de tudo aquilo, em matéria de argumentos e produção de quase todos eles.
É mais do que um filme de luta.
É mais do que uma coisa física. É do domínio do meta-físico acredito.
Excede a matéria, ou seja, é sentimental. Porque foi feito com amor, creio.
Do mesmo amor que o Rocky sente pela Adrian, ou pelo Mickey, ou o Mickey por ele, ou nós pelo Rocky, é amor pronto. «And if you ever get hurt and you feel that you're going down, this little angel is gonna whisper in your ear.»
Em homenagem à segunda oportunidade que o Rocky deu ao Mickey de poder prepará-lo para o combate, embora estivesse com ele desgostoso (Rocky com o Mickey) - queria também dizer que amo o Pedro Barbosa. Vivam os alas inteligentes, capazes, tecnicistas, que não precisam de correrias de quarenta metros para fazer o trabalho bem feito. Viva o Capucho, o Pedro Barbosa, o Drulovic, o Luc Nillis, o Stoichkov e o Laudrup.
Viva o Rocky, e viva 1976, e viva 1979.
E viva o Robert de Niro, que perdeu precisamente para o Rocky o óscar de melhor argumento original, com o Taxi Driver. Vivam os EUA que permitiram que um tipo absolutamente genial, amável, cheio de qualidades como o Stallone, mas que sem grandes especiais estudos ou preparação deixasse ao mundo chegar a sua obra, o seu Rocky, a sua feitura, mesmo após filmes pornográficos, alguma fome e muita solidão. Aqui está Miguel, aquela que é para mim a melhor, mais profunda, mais tocante sequência de todos os Rocky´s. Um hino à beleza. Foi um real prazer, ter feito esse vídeo.

Miguel:
Sobre o Rocky havia mais coisas a dizer da minha parte. Sobre o Stallone há muitas outras coisas a apontar também, ainda. Para além dos Rocky, fez coisas também elas maravilhosas nos anos 80 e algumas engraçadas nos 90. E procura, hoje em dia, com a idade que tem, reviver as suas obras do passado e continuar a criar arte. É que ele não é só actor, como sabem. Produziu, escreveu e realizou uma boa parte dos seus filmes. Está actualmente a preparar um chamado The Expendables, que pretende ser um clash de ícones de acção, tudo misturado, tanto como homenagem a nomes imortais do cinema/espectáculo como como tentativa de reavivar esses tempos gloriosos de outrora.
Esta banda sonora é magnífica. Esta "Overture" do Bill Conti é do melhor de sempre.
Dos primeiros dois, é esta e, claro, a "Gonna Fly Now". Do IV há várias também, mas já dentro de outro estilo. A tal da luta soberba Rocky versus Drago é a "War". Épico, épico, lindo.
Não consigo parar de pensar nisto e falar nisto aqui, agora. Essa que aparece aos 4:55 é muito, muito especial. É lindo. Mas consigo gostar ainda mais da parte que aparece aos 5:31 do teu vídeo, mas com a música que aparece no II. Ou seja, essa parte que referi dos 5:31 mas tal como aparece no (início do) Rocky II. E isso leva-me a isto: há uma coisa que acho absolutamente brilhante.
Nos Rocky, cada filme começa com as imagens finais do filme anterior, e no caso da transição Rocky II - Rocky III, a transição é feita dos anos 70 para os 80. Quando o filme faz o close up da cara do Rocky no Rocky II e começa a tocar a "Eye of the Tiger", sinto que essa transição foi feita de forma genial e perfeita. Dos anos 70 para os 80.
Não sei se me entendem. Nem eu próprio me entendo muito bem.
E depois surgem as imagens do Clubber Lang a treinar sozinho intercaladas com o sucesso total do Rocky a nível de reconhecimento público. E já viram que o Rocky no Rocky II pura e simplesmente não se consegue adaptar à vida "de sucesso" e no III consegue?
Adapta-se, instrui-se, aprende a agradar ao público e a ser querido pelas massas, tira daí dividendos, o que lhe viria a custar caro em termos de potência como lutador, situação que mais tarde, na também épica luta final contra o Clubber Lang, e antes, durante o treino e superação decorrente daquele diálogo emocionante com a Adrian, viria a inverter. E o salto que dá no final da contagem do combate da vitória no Rocky III... Enfim, é lindo.
"No, listen, he's just a man. You can beat him because you're a tank. You're a greasy, fast, Italian tank. Go through him! Run over him!"

Ainda Miguel:
Taxi Driver, Taxi Driver, que grande filme...
Deixem-me dizer isto: tenho bastante pena da falta deste tipo de referências que se encontra bem patente nos jovens de hoje. O Rocky é um exemplo disso. Um miúdo de aí uns 15 anos, hoje em dia, quando ouve o nome "Stallone", ou não o conhece, ou diz "ah é aquele tipo com a boca torta que fez uns filmezitos há muito tempo e foi considerado o pior actor não sei quando por ter entrado nuns filmes ridículos. Pois... Eu gosto é de Senhor dos Anéis, pá. Muita CGI, muitos efeitos. Agora Stallones... Isso é pré-histórico, pá. E também gosto do Chelsea. É a equipa da moda. Quero lá saber de Bayerns, de Milagres de Berna, de Charltons. Isso a mim não me diz nada". Lol percebem? Falta de referências... e falta de respeito para com a história. E o próprio Stallone aponta para isso no Rocky VI, ele próprio alerta para isso. A cara de desgosto e desconforto dele depois de ouvir a opinião de um tipo na TV sobre a carreira dele, no filme, é muito expressiva.
Esses filmes porno do Stallone... são um bom exemplo de como se tem que começar por algum lado. As grandes figuras de hoje tiveram que nascer nalgum lado. Depois do sucesso do Rocky editaram o tal filme pornográfico de forma a tornar-se apenas um filme erótico, deixando de ser hardcore. No DVD do Rocky tem lá um documentário óptimo sobre o Rocky, no qual, entre muitas outras coisas, o Stallone contou que o cão é mesmo dele, e chama-se mesmo Butkus - "Yo Butkus!" - e que no dia de estreia do filme se sentou numa sala de cinema e pelas reacções - ou falta delas - do público pensou que tinha sido um desastre e tinha acabado ali a sua carreira no cinema (apontou para o facto de ninguém se ter rido quando era suposto, para ele, rirem-se, etc.). Quando saiu da sala de cinema e desceu umas escadas, tinha à sua espera uma multidão que começou a aplaudi-lo, porque o filme era magnífico. Calcula-se que terá sido um momento mágico para ele. Não se riram porque... o Rocky não tem muito que rir. É uma história demasiado dramática para gerar risos. O personagem Rocky pode por vezes ser cómico mas no meio daquele drama, daquela casa pequena, daquela solidão, daquele bairro, daquela sujidade, daquele "não ser ninguém", ninguém consegue rir-se com vontade. E o II segue nessa toada.
Ainda dentro do universo Stallone, sem sair dele, há outra série que é, para mim, obrigatória. Evidentemente quem tiver aí uns 15 anos lê o que eu vou dizer e ri-se, porque estas referências tornaram-se ao longo dos anos motivo de chacota. Mas o nome que vos quero deixar, não com o mesmo valor do Rocky, mas quase, é: Rambo. Sim, porque a série Rambo não é só um tipo a fazer explodir russos e a metralhar que nem um louco durante hora e meia. Quem viu o Rambo, o primeiro, o First Blood, até ao fim, vê que se trata de muito mais do que apenas isso (isso - a acção - acaba por complementar o filme, para quem gosta de filmes de acção dos anos 80, como é o meu caso, dado que cresci a vê-los e a imitá-los).
Reconheço que o II e o III têm muito menos conteúdo artístico/dramático, perderam alguma qualidade em relação ao I, por isso foquemo-nos no I. A história. Os olhos tristes do Rambo. O sentimento de injustiça que partilhamos com ele durante todo o filme e que culmina no final com um clímax cuja interpretação só está ao alcance de um enorme actor. Rambo, a máquina da justiça. Matreiro, imbatível, perfeito no combate, uma máquina de guerra que só deseja paz. A maneira como se distancia da sociedade moderna e se aproxima das culturas orientais. A vulnerabilidade escondida atrás da dura máscara de pedra. Até no Rambo IV, o último e recente, no meio de um banho de sangue (há uma média de mais de uma morte por cada 30 segundos de filme) e violência levada ao extremo, até nesse há coisas de valor a retirar. Até porque a violência é lá colocada por existir, realmente, e sendo aquilo verdadeiro, revoltante e dramático, ganha seriedade e com isso valor. Aquelas coisas passam-se mesmo, e o Stallone "usou" o Rambo para denunciar isso. O Rambo surge, portanto, como a resposta do bem às atrocidades que o mal teima em cometer.

Miguel, ainda sobre o Rocky:
É emocionante. É lindo. Traduz na perfeição aquilo que é o amor de um ente para com outro ente. O cuidado, o altruísmo puro e total, a dedicação total a um ser humano. Representa a razão pela qual o Rocky Balboa se levantou sempre, mesmo quando as pernas já lhe pediam que parasse e ficasse estatelado no chão. A força do amor produz coragem, e a coragem produz conquista.

It represents love, but an inconditional, true and absolutely devoted one. The only true love, that is. This is the foundation of human conquest, the reason why Rocky, in this series, and man, as a whole, achieve a level of greatness that brings immortality to their characters. The reason why Rocky kept getting up even after his legs begged him to stop and stay down. Not for survival, in this case, but, unconsciously or not, to prove that one is capable of the greatest when pushed forward by the strenght of love, of good, by the feeling of protection, towards others and as a retribution of that feeling that others have for us.
This is the quintessential human moment that leads one to the ultimate victory of the human spirit against all obstacles, against all negativism and sometimes against all odds.

This is the visual representation of the word "care". To care for another entity and do whatever it takes, within our capability or not, to make it shine as stars do, giving live and warmth to all that exists around them. To do it not because its an obligation, but because it is an automatic and inevitable response to the fiery, glowing feeling of love that unites people who love each other and care for each other. This is what it means to be capable of depriving ourselves of our own individual, self-oriented existences and giving that very existence sense and a purpose to exist. The purpose to exist is to love each other.

1 comentário:

ROCKY BALBOA disse...

ROCKY PARA SEMPRE
http://www.facebook.com/pages/Rocky-Balboa/228786110489974

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